#INFO: Na última quarta-feira, Katy Perry deu início à turnê mais icônica do ano, a ‘THE LIFETIMES TOUR’, e muitos se perguntaram por que a escolha de ‘ARTIFICIAL’ para a abertura, em vez de ‘WOMAN'S WORLD’.
A turnê começa com a introdução da personagem de Katy Perry, ‘#KP143’, uma espécie de ciborgue metade humana e metade máquina. No entanto, logo no início do ‘nível’ (termo que nós, do canal, usamos para nos referir aos atos), o público é surpreendido com um ‘GAME OVER’, e a personagem é reconstruída em estilo Frankenstein. A letra da música ‘ARTIFICIAL’ enfatiza o conceito do primeiro nível: o que é artificial ou o que nos torna artificiais. É como se a personagem do telão ganhasse vida e se questionasse: ‘Quem nos salvará de perder nossas próprias mentes?’ — como sugere o verso ‘Who's gonna save us / From losin' our minds?’.
Em seguida, temos ‘CHAINED TO THE RHYTHM’, o pop politizado da era ‘Witness’. Assim como na ‘Witness: The Tour’, a música integra o primeiro nível da turnê, mas, em ‘THE LIFETIMES TOUR’, ela quase se funde com ‘ARTIFICIAL’ em um mashup. Nesse contexto, somos levados a refletir se somos dançarinos acorrentados ao ritmo, desconstruindo a metáfora proposta por Perry. A música questiona um ciclo vicioso, no qual a artista critica a passividade, a bolha de complacência, a distração e o escapismo. Ela convida à reflexão sobre o papel do indivíduo na sociedade e a importância de se manter consciente e engajado, em vez de viver em uma bolha de ignorância e conformidade.
Depois, temos ‘TEARY EYES’, do álbum ‘Smile’. Aqui, a música retrata o cansaço e a frustração diante das circunstâncias. Nessa fase do ’jogo’, a energia da personagem começa a se esgotar devido a uma dor no coração, que se repete incessantemente, levando-a a questionar para onde foi a luz e por que a felicidade parece sempre estar a alguns passos de distância. A faixa fala sobre resiliência e a decisão de seguir em frente apesar da dor, como sugere o verso ‘Promise one day, baby, they're gonna dry’.
No encerramento do primeiro nível, temos o sucesso estrondoso ‘DARK HORSE’. Tradicionalmente, um ‘dark horse’ (cavalo negro) representa alguém que entra em uma competição sem grandes expectativas, mas com potencial para surpreender. Na música, Perry assume esse papel em relação a um interesse amoroso, sugerindo que ele pode não perceber, inicialmente, o impacto que ela terá em sua vida. No telão, vemos uma contagem regressiva com mensagens como ‘Insira sua alma para continuar o jogo’ e ‘Isso alterará sua realidade’ (preparem-se para as acusações de satanismo, como as que enfrentamos no lançamento da canção). O refrão ‘Cause once you're mine, there's no going back’ e a comparação com um ‘cavalo negro’ que corre até o fim (‘Til the dark is done’) servem como um aviso: o envolvimento com ela é irreversível e pode trazer consequências inesperadas.
Na minha interpretação, ela está falando sobre como se sentia presa e desconfortável no ambiente da fama, continuando a seguir suas obrigações mesmo estando emocionalmente exausta, e sobre como decidiu se afastar desse estilo de vida para buscar algo que realmente tivesse significado pessoal para ela — e como essa decisão poderia mudar completamente a forma como ela vivia.